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# Vitória na raça sobre o Flamengo garante o título ao Botafogo
Logo Adriano, tão ídolo, tão herói, não conseguiu vencer o reflexo do goleiro Jefferson. Naquele instante em que parava nas luvas do alvinegro uma cobrança de pênalti do atacante, o destino, cruel nos últimos três anos, corrigia as humilhações do passado: ao vencer o Flamengo por 2 a 1, no Maracanã, o Botafogo, campeão da Taça Guanabara, arrebatou ontem também a Taça Rio e o título estadual.
O pênalti perdido por Adriano foi apenas o terceiro de uma disputadíssima decisão marcada por faltas e farta distribuição de cartões - entre eles, os vermelhos de Maldonado e Herrera. Tal história começou aos 21min, quando Angelim fez pênalti em Fábio Ferreira, após cobrança de escanteio. Mesmo sem muito capricho, Herrera acertou a cobrança, aos 23.
O mérito do Botafogo era não dar espaço ao Flamengo, num bem trabalhado sistema de marcação que não comprometia as subidas ao ataque. Mas, com o gol alvinegro, o técnico Andrade logo abriu mão de seu meio-campo nada criativo, trocando Toró por Vinícius Pacheco.
Foi assim que Michael, àquela altura menos sobrecarregado, da linha de fundo levantou a bola na área. Adriano cabeceou para o chão, David buscou o gol de cabeça, e Jefferson ainda fez a defesa, mas Vagner Love pegou o rebote e empatou, aos 45 minutos.
Não ficou só nas previsões a garantia de emoção para o segundo tempo. E, coincidência, o gol da vitória do Botafogo viria num lance envolvendo somente estrangeiros: o chileno Maldonado puxou a camisa do argentino Herrera na área e logo soltou-a, mas não a tempo de enganar o árbitro, que, além de expulsá-lo, assinalou o pênalti: o uruguaio Loco Abreu bateu com uma cavadinha, e a bola carimbou o travessão antes de entrar, aos 27.
Um pênalti de Fahel em Ronaldo Angelim provocou a expulsão do descontrolado Herrera - que quis briga com o árbitro Gutemberg de Paula -, e reconduziu o Flamengo à disputa do título, mas, logo Adriano, tão ídolo e tantas vezes salvador, passou para Jefferson o direito de ser herói por um dia. Feita a cobrança, aos 33 minutos, o goleiro buscou a bola no canto esquerdo. Incrível, encontrou-a.
Outras boas defesas de Jefferson se seguiram, Caio perdeu gol feito e Petkovic entrou aos 40 minutos. Mas quem buscava o título desde 2007 acabou descobrindo o quanto é tênue o limite entre sorrir e chorar. E entre ser vilão e herói. Adriano também já sabe.